António Carneiro Jacinto
Quarta-feira, 30 de Maio de 2007
ENTREVISTA AO TERRA RUIVA

 Entrevista António Carneiro Jacinto

“Eu não sou um iluminado que chega aqui e diz isto está mal e agora faz-se assim!”

 

Em Dezembro de 2006, António Carneiro Jacinto apresentou publicamente a sua intenção de concorrer à presidência da Câmara Municipal de Silves.

Para tirar Silves “ do buraco” onde se encontra, disse na altura. Quase seis meses após este anúncio, o Terra Ruiva foi conversar com o candidato, conhecer as razões que levam um homem sobejamente conhecido pelos cargos e funções que tem desempenhado ao longo de uma vasta carreira como jornalista, gestor e assessor político a querer apostar em Silves. E tentarmos saber, principalmente, o que pode esta candidatura trazer de novo e quais os seus objectivos.

 

 

Podemos começar por falar das razões da sua candidatura.

Não é novidade que eu já tinha sido convidado pelo Partido Socialista, há seis anos, para ser candidato à Câmara. Mas na altura entendi que não tinha condições pessoais, leia-se profissionais, nem políticas, em virtude de uma reunião que mantive no PS e onde cheguei à conclusão que entre os vinte e tal militantes que estavam nessa reunião, havia cinco grupos e cinco líderes. Estávamos a poucos meses das eleições e portanto considerei que não tínhamos condições nenhumas. Porquê agora? Porque terminei um ciclo de vida, com a minha passagem como porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que foi muito gratificante, e preciso de desafios. Não estou em idade de me reformar e gosto muito desta terra. Estou muito ligado a esta terra, pelas razões mais bonitas, pela forte recordação que tenho dos meus pais e da minha família em geral, e entendo que posso pôr a minha experiência ao serviço de uma causa nobre, que é a de fazer de Silves novamente aquilo que ela tem direito e merece vir a ser. E em conclusão senti que era um dever de cidadania pôr ao serviço de Silves, os meus conhecimentos, a minha experiência,  e daí que o meu slogan seja “Ao Serviço de Silves”,  para tirar Silves disto…

Tirar “do buraco”, como disse na conferência de imprensa?

Exactamente.

E acha que é possível?

Tem de ser possível e digo com toda a humildade, se não for comigo, com outra pessoa qualquer. Faz-me confusão, perturba-me a situação que se vive no concelho em geral, não só em Silves. É obrigatório que se mude o actual estado de coisas, Silves não merece.

Na apresentação da sua candidatura, disse que tem “vontade de sonhar com um concelho com desenvolvimento económico, com postos de trabalho que fixem os jovens à sua terra” e com uma frase que achei muito interessante “onde as pessoas se sintam livres e com orgulho e alegria de viver”. Não foi assim que encontrou Silves?

Não. Não, não. E devo dizer que essa é a situação que mais me entristece e mais preocupa. Encontrei as pessoas com medo e encontrei as pessoas conformadas com a situação. Isso para alguém que viveu a ditadura e sonhou e vibrou com o 25 de Abril, e sem utilizar isto do ponto de vista demagógico, é extremamente preocupante e todos não seremos suficientes para dar a volta à situação, e fazer com que as pessoas não tenham medo e que sobretudo não se conformem com a situação que vivemos no concelho.

Em relação ao desenvolvimento económico, como pensa, em traços largos, que poderia ser o rumo?

Eu tenho estado a fazer o trabalho de casa… e o meu projecto, que tentarei pôr em prática, é fazer de Silves um pólo de excelência em matéria de serviços. O que quero dizer com isto? Qualquer coisa que traga para aqui empresas de tecnologias de ponta, que traga centros ligados a energias limpas e renováveis, que se crie aqui, uma centralidade no Algarve relativamente a tudo o que tem a ver com o que vai ser inevitavelmente o nosso futuro, que é dar mais excelência às pessoas, melhor educação, mais oportunidades para as pessoas terem uma dimensão do mundo e da vida e mais ambição, porque se forem mais qualificadas naturalmente são mais ambiciosas.

A presidente Isabel Soares há já muitos anos que diz que vai candidatar Silves a Património Mundial, que é um projecto bastante ambicioso, não pensa seguir essa ideia?

Há coisas mais importantes para nos preocuparmos. A minha prioridade são as pessoas, essas questões de classificações são todas muito bonitas, mas a minha prioridade são as pessoas. O meu programa será virado para as pessoas, participado pelas pessoas e ouvindo-as.

Tem falado da sua ligação a Silves, mas muitas pessoas dizem…. hem... está ligado a Silves pelos laços da família, mas passa cá muito pouco tempo, nem vinha cá nas férias…

Eu sei que essa é uma ideia que existe, mas é falsa. E relativamente a isso devo dizer, e a propósito da entrevista que a Dra Isabel Soares lhe deu recentemente, que eu sou mais um dos 40 mil cidadãos de Silves, porque tenho a minha residência aqui e estou recenseado aqui, enquanto ela representa 18 mil eleitores dos quais metade são directa ou indirectamente funcionários da câmara.

Está a viver permanentemente em Silves?

Não estou a viver permanentemente porque não vivo do ar, não sou rico e tenho de trabalhar. Sou funcionário do ICEP e tenho estado de baixa, por razões que são conhecidas ( acidente) e que me têm perturbado muito. E devo dizer-lhe, em abono da excelência de que falávamos há pouco, que tenho sido melhor tratado em Silves, pelo fisioterapeuta que se tem ocupado de mim, do que em Lisboa. E estou muito feliz com isso porque não sou defensor da chamada política da terra queimada e do bota abaixismo e portanto agrada-me encontrar coisas positivas no concelho. Agora estou dependente da futuro do ICEP e da sua fusão com a API, para decidir com o Dr. Basílio Horta como vai ser a minha vida, alguns aspectos da minha vida. Mas basicamente estou em Lisboa na segunda e terça feiras e quarta à tarde venho para baixo e estou aqui entre quarta e domingo. Como me aconteceu esta coisa à perna, tenho passado mais dois terços do tempo em Silves.

E a sua relação com o resto do concelho… um concelho um bocadinho especial, não é?

Completamente. Cada freguesia é um caso. Eu gosto de falar daquilo que eu já trabalhei, no sentido de ter ido ver, fui falar com algumas pessoas, fui ter também o meu olhar sobre isso. E até agora estive a trabalhar a freguesia de S. Marcos da Serra…

E qual foi a impressão que recolheu? É uma freguesia complicada…

Triste. Foi uma impressão triste e que tem que ser reversível. E fica aqui, digo-lhe a si e aos seus leitores, fica aqui, não é a promessa, é a certeza, porque isto tem muito a ver com a minha formação política, que são poucos os eleitores de S. Marcos da Serra mas não é por isso que deixarei de pensar neles e de apresentar projectos concretos. Tem problemas muito complicados mas que, do meu ponto de vista, podem e devem ser resolvidos. Há uma ambição de construção de habitação social, para tentar fixar jovens,  quando estou a falar de jovens estou a falar de gente até aos 45 anos, 50 anos… há essa ambição… Estou a estudar com os meus colaboradores essa questão, há ambição e há um trabalho notável nessa matéria da sociedade civil, da criação de um lar para a terceira idade mas a prioridade aí, como em tudo o resto, será a educação. A escolinha, desde o pré-escolar, passando pelo básico, a prioridade é essa. Depois, e para não ser muito longo, a serra de Silves é fantástica, e do ponto de vista… eu digo isto a rir, não é para levar a sério, não é para construir, uma praia em S. Marcos da Serra ou uma marina…como já ouviu falar

A presidente fala nisso, em construir uma praia fluvial…

Ela até já disse que vai construir uma estalagem!... Eu acho que as câmaras municipais não são para serem proprietárias de estalagens, pousadas, restaurantes, o que for, são para incentivar a iniciativa privada para fazer isso. Mas dizia eu, quando falo da serra, a serra tem problemas específicos mas é aquilo que nos sobra. Quando digo que posso garantir que os serranos terão toda a máxima atenção no meu programa eleitoral, tem tudo a ver não só com aquilo que é hoje S. Marcos da Serra, que é uma coisa triste, triste no sentido…

Sem perspectivas?

Exactamente, triste na perspectiva das pessoas. Mas porque falar de S. Marcos da Serra é falar da serra, apresentarei um projecto muito completo e claro sobre essa matéria.

Não tem receio que o vejam como um “pára-quedista”, um “D. Sebastião”, que vem de Lisboa, que aparece de repente aqui em Silves para fazer aquilo que ao fim e ao cabo, os locais não são capazes de fazer?

D. Sebastião não sou. Se me perguntasse, se houvesse eleições daqui a três meses ou seis meses, o que é uma possibilidade, o que eu tinha para propor às pessoas? Eu tinha muito pouco para propor, porque a situação económica e financeira da câmara é de tal ordem…. se quisermos ser sérios não podemos dizer que vamos fazer mundos e fundos. Não há dinheiro. D. Sebastião não sou de certeza, em primeiro lugar porque não gosto de sebastianismos, em segundo lugar porque apresentarei propostas a sufrágio que vão no sentido do possível e terão como componentes fundamentais a Responsabilidade, a Requalificação, o Reeordenamento, são os meus três R. Portanto, D. Sebastião não sou…  e pára-quedista também não.

Mas tem noção dessa ideia?

Eu sei que me vai ser feita essa crítica na campanha eleitoral mas eu não sou um pára-quedista. Em termos de currículo não preciso de ser presidente de câmara. Pode-me dizer, mas você é pouco modesto. Não é um problema de ser pouco modesto, é a realidade. Seja do ponto de vista profissional como jornalista, que serei sempre até ao fim da vida jornalista, seja do ponto de vista da minha vida política, e da minha experiência de vida a outros níveis como por exemplo, de administrador do ICEP, não preciso de ser presidente de câmara para, digamos, ter o meu momento de glória. Pelo contrário, isto para mim é uma carga de trabalhos. Digo isto porque quero falar verdade às pessoas e só vou falar a verdade às pessoas e espero que haja massa crítica no concelho, a começar pelo seu jornal, que me chame a atenção “olhe que você!”..., “isso é um disparate”, por aí fora…  Eu não sou um iluminado que chega aqui e diz isto está mal, e agora faz-se assim! Não, não, eu tenho uma equipa a trabalhar comigo, neste momento já temos ideias claras em matéria de educação e matéria cultural e não foi por acaso que começamos por aí. Agora vamos passar três meses a trabalhar a parte económico-financeira, que é a questão central da situação em que esta câmara está – que é uma situação de mentira completa.

Já disse antes que esta gestão “é uma vergonha”. O que acha da situação de Silves?

Acho que a actual gestão chegou ao fim. O ciclo terminou. Silves como cidade morreu, está pior do que há 20 ou 30 anos, o teatro está fechado, a biblioteca está fechada, ninguém protesta, a classe média fique em circuito fechado, aparentemente conformada com este estado de coisas, a câmara é o maior empregador do concelho. Portanto, é um fim de ciclo, isto não pode continuar assim. Temos de pensar é no futuro.

Mas um futuro que, como há pouco estava a dizer, que vai ser muito difícil para quem assumir a gestão da câmara…

É, para quem quiser ser sério. Tudo o que se faz é pago pelo contribuinte. O défice actual da câmara, já incluindo os pagamentos à Viga d’Ouro, é de 30 milhões de euros e se a Drª Isabel Soares terminar o seu mandato, o que eu acho que não vai acontecer, poderá chegar aos 50 milhões, a curto prazo, dívidas a curto prazo, onde há coisas lamentáveis para os trabalhadores da câmara, por exemplo, que é não se pagar a ADSE. Portanto temos que olhar para isto com a verdade, temos que dizer às pessoas que a situação é esta e a primeira prioridade de uma pessoa decente que queira ser presidente de câmara  é sanear financeiramente a câmara Não podemos trabalhar de outra maneira, será estarmos a abusar do contribuinte, que é o que acontece neste momento.

Com os aumentos das taxas, as taxas máximas?

Exactamente, é o que acontece neste momento, e é estarmos a fazer orçamentos mentirosos, que é um orçamento de 64 milhões, eu digo que o orçamento efectivamente é de 44 milhões, os 20 milhões a mais de receitas previstas é uma ilusão de quem está a sonhar. Vamos falar verdade! A minha prioridade, para que não haja ilusões de que eu venho para aqui com varinha mágica e o dinheiro cai do céu, é sanear financeiramente e é introduzir justiça social relativamente à situação que se passa neste momento em termos de impostos que é um escândalo.

Um escândalo, porque…?

Porque a senhora que vive sozinha na serra, não pode pagar de água o mesmo que eu, o casal que vive abandonado não pode pagar a mesma tarifa nem os mesmos resíduos… Se queremos atrair jovens, e esse será um outro problema, não podemos estar a pôr as mesmas tarifas para todos. Os impostos não podem ser decididos arbitrariamente para atingir toda a gente por igual. Tem de ser feito um estudo, há pessoas que naturalmente têm de pagar menos, e outras porventura terão de pagar o que estão agora a pagar agora. Simplesmente estamos no limite máximo em relação a todos os impostos e agora anuncia o Governo que vem mais um, o imposto para a protecção civil. Eu paguei este ano por esta minha querida casa, o mesmo imposto que pela minha casa em Lisboa que fica na zona mais in, actualmente, que tem cinco assoalhadas, três casas de banho, por aí fora… Não pode ser. Paguei a mesma coisa, em Silves e Lisboa, nem queria acreditar.

E há  outras zonas do Algarve onde se paga menos…

Exactamente, temos que tornar Silves competitivo também neste aspecto. É evidente, se eu vou tentar instalar aqui as tais empresas de excelência que falava há pouco, não fique com a ilusão que vou trazer para aqui a sede da Microsoft, mas se trouxer um núcleo da Microsoft já fico satisfeito, temos que ser competitivos nos impostos.

A não fixação das pessoas em Silves é um problema, não sei se, tem essa ideia ninguém se instala em Silves, nem professores nem alunos, por exemplo do Piaget…

Silves é um dormitório, é uma cidade fantasma a partir das seis horas da tarde, só se vê carros em direcção a Lagoa e Portimão. E não é só Silves, temos problemas em Messines, Algoz e Tunes que já são praticamente “freguesias do concelho Albufeira”, sobretudo a nível de emprego. A nível de emprego quase completamente, está a ver o nó górdio em que meteram este concelho. Eu quero ter uma perspectiva íntegra do concelho e acabar com estas disputas e rivalidadezinhas entre Messines, Silves, etc, que têm pouca importância.

Sim, há uma tradição nas listas eleitorais, se o cabeça de lista é de Silves, o segundo é de Messines…

Sim, o número dois tem de ser de Messines, o outro tem de ser de Armação e tal. Se eu explicar às pessoas o que vou fazer especificamente para elas, ser-lhes-á muito pouco importante essa tradição. Tentarei que percebam que é mais importante o que vamos tentar fazer e que eu acho que nessa matéria Silves e Messines equivalem-se. Até digo mais, acho que a vivência de Messines, neste momento, é mais interessante que a vivência de Silves. Mas é assim, a equipa de pessoas que vou apresentar será pela sua qualidade, pela sua formação, não precisam ser professores, doutores, engenheiros, arquitectos, etc, precisam de ser gente competente e sobretudo gente que não tenha o mais pequeno rabo de palha em relação a qualquer situação que se tenha passado no concelho.

Escolheu como lema de campanha – “Servir Silves”, acha que o poder se tem servido de Silves?

Essa é uma boa pergunta a que eu respondo da seguinte maneira: toda a gente sabe, toda a gente sabe o que é, quem está à frente da câmara, quem são os familiares da senhora presidente e o que eles representam no concelho. Mesmo que a senhora venha a ser candidata, que eu acho que não vai ser, não ouvirá da minha boca qualquer insinuação ou ataque pessoal relativamente à sua situação. Eu apresentarei a minha declaração de rendimentos e eu gostava que ela apresentasse a dela, publicamente, com tudo o que tem a ver, a sua declaração, a dela com o irmão, do irmão com o marido, tudo. Mas eu não entrarei por aí. Se ela for candidata - repito, que eu acho que não vai ser -  quero discutir as coisas concretas, não peixeiradas. Espero que ela, como todos os candidatos, estejam abertos a debates na imprensa, na rádio, com quem nos convidar, para podermos esclarecer melhor as pessoas. Sendo que no caso concreto da actual maioria, penso que essa maioria terminou, já fez o que tinha a fazer e aquilo que não devia fazer… Não me ouvirá fazer insinuações… As pessoas sabem.

Tenho dito aos meus amigos e colaboradores que trabalham comigo, e que já é uma equipa relativamente grande, que estarei nesta batalha para ganhar mas se perder perco de cabeça levantada. Porque há uma coisa que quero deixar ao concelho: que é um programa claro, definido. Um programa que diz: isto pode-se fazer porque há dinheiro, isto não se pode fazer porque não há dinheiro, e o dinheiro para fazer isto vem daqui, não se pode inventar coisas quando não temos dinheiro para as fazer, e se as pessoas, face a isto preferirem outra alternativa, isso é a democracia

Em relação à sua candidatura, está na disposição de ir até ao fim, mesmo que não tenha apoio do PS?

Totalmente. Temos tudo preparado nesse sentido. Como acho que vai haver eleições antecipadas em Silves, temos tudo preparado, não direi a 100 por cento, mas pelo menos a 70 por cento.

Já tem alguma ideia sobre qual vai ser a posição do PS? Nota-se que já há uma facção do PS que está consigo…

Há. Eu sou franco, já escrevi no meu blogue, que tem sido o meu instrumento de acção política, desde 4 de Dezembro de 2006. Eu sou militante do Partido Socialista, não vamos estar aqui com hipocrisias. Sou militante do Partido Socialista, desde o dia em que, trabalhando eu com Mário Soares, ele perdeu as eleições para Cavaco Silva. Nessa altura é que eu entendi que devia ser militante . O meu pai era militante do PS de antes do 25 de Abril, praticamente quase da fundação, mas eu não era até esse dia. Até porque eu também tive, como quase todos nós, o meu passado glorioso de revolucionário, quando cheguei a Portugal. Infelizmente um ano depois do 25 de Abril porque eu estava na tropa em Moçambique, onde as diabruras começaram logo, mas eu votei no Otelo Saraiva de Carvalho.

Nas presidenciais?

Nas primeiras eleições presidenciais. Depois de conhecer por dentro o Partido Socialista e pessoalmente o Mário Soares foi quando entendi, que essa era a altura para entrar para militante, que foi quando ele perdeu, foi esmagado nessas eleições. Portanto eu sou militante do PS. Tanto quanto sei, em Silves há 80 militantes inscritos, esses militantes decidirão o que querem fazer, sendo certo, que eu não vou criar um PRD aqui para concorrer às eleições. Mas a minha candidatura será independente, coisa aliás que já foi entendida por Lisboa. Se não for com o apoio do PS será com o apoio da população. Neste momento tenho gente a trabalhar comigo gente do PS, PSD e PCP. É o ideal para mim.

Sente que é capaz de juntar gente diferente que está desanimada?

É por isso que tenho gente de todos esses partidos, sinto que há aqui uma massa crítica, que, como diz um dos meus colaboradores, está escondida nos túneis, que quer intervir, que quer mudar. Há uma coisa que é clara e tem a ver com uma coisa que me perguntou lá atrás - relativamente a ser um “pára-quedista”. Um pára-quedista não trás ninguém atrás, a não ser para arranjar lugares, ou tachos, só para meter gente aqui e acolá. Eu não quero nada disso, zero, eu aprendi isso tudo, sei como isso se faz, não é isso que quero. E tenho um dever moral em relação a mim,  eu estou sempre sob escrutínio, toda a gente conhece ou pode conhecer o meu pensamento, se as pessoas forem ao Google têm lá tudo o que escrevi, nos mais diversos sítios na SIC, na TSF, em todo o lado, e se as pessoas não tiverem acesso a isso,  tenho tudo guardado, o que escrevi, o que gravei… Sou um Virgem com todos os tiques deste signo, tenho tudo organizado, com pastas para isto, pastas para aquilo, eu estou sempre sob escrutínio e as pessoas podem facilmente dizer então criticavas este e agora fazes a mesma coisa!... E digo mais, é uma vantagem para a Câmara de Silves, se me derem o seu apoio, ter uma pessoa que não está metida nos esquemas que há ali, que existem aliás em todas as câmaras, uma pessoa que aparece de novo, de fora e que a primeira coisa que quer fazer é contar com o apoio dos trabalhadores da câmara, motivá-los puxar por eles, dignificá-los para todos podermos trabalhar em harmonia e a puxar para a frente.

Sobre isso que diz do seu pensamento estar acessível, pensei no seu blogue,  tem tido uma grande adesão?

A adesão tem sido brutal. Se outra vantagem não tivesse havido na minha candidatura, houve uma que hoje em dia para mim é clara, abriu-se o debate político em Silves. Hoje em dia discute-se na rua, no concelho, as coisas que a câmara faz, o que não faz, o que eu penso, o que sou, não sou, o que faz e não faz o PS, o PCP, o PSD, por aí fora. Se não houvesse outra vantagem há esta que eu trouxe e aqui não sou definitivamente modesto. Está aí à vista.

Disse há pouco que Isabel Soares não será candidata? Por desgaste natural ou por não ter apoio do PSD?

Porque acredito na justiça e é impossível que o processo (Viga d’Ouro) fique pelo castigo de três funcionários. E considero que quando Isabel Soares for constituída arguida, e atenção que arguida não é culpada, que fique isso bem sublinhado, se for constituída arguida, tenho a certeza que o Dr. Marques Mendes não quererá a sua candidatura.

Mas Isabel Soares já é arguida no processo da Sociedade de S. Marcos da Serrra…

É um processo diferente, diferente daquilo que aqui está em causa, e digo isto com toda a franqueza e com toda a responsabilidade: não percebo a actuação do Ministério Público neste caso chamado Viga d’Ouro. Que eu como disse na altura não considero que exista um caso Viga d’ Ouro, há muitos “casos viga d’ouro”, porque o princípio utilizado na câmara era o de não fazer concursos públicos. Não percebo o Ministério Público, ou o que a Judiciária veio fazer à câmara e do que é que é se está à espera. Mas como acredito na justiça, acho que a senhora doutora vai ser constituída arguida e nessa altura acho que o Dr. Marques Mendes vai dizer que ela tem de suspender o mandato. Claro que ela poderá querer ser candidata, fazer como Isaltino Morais ou Valentim Loureiro. Porque não se interprete esta minha declaração como eu ter medo dela, ela é a minha adversária, somos totalmente antagónicos, eu quero ganhar as eleições é à actual maioria.

No seu blogue dizia há poucos dias que  a sua campanha vai passar à segunda fase. No que consiste essa fase?

Como lhe disse, começamos por trabalhar o terreno em termos de S. Marcos da Serra, e já chegámos a algumas conclusões interessantes, nos domínios da educação e da cultura, com propostas concretas em relação a isso, que não divulgarei nesta fase, por razões que compreende. Vou até ao Verão passar a pente fino todas as freguesias. Eu já passei por elas todas, mas quero ir ver… Sabe que eu sou um instintivo, tem muito a ver com a vida de jornalista, gosto de ver, olhar, fotografar, tenho uma colecção brutal de fotografias, e muita coisa do concelho. Vou fazer um encontro no Algoz ( que se realizou no dia 11 de Maio), como já fiz em Silves, no Café Inglês, com pessoas que queiram aparecer e vou fazer nas outras freguesias também. Teremos até ao Verão preparadas as linhas fundamentais da candidatura, e depois do Verão começaremos a discutir com as pessoas essas nossas ideias.

E se me dá oportunidade, gostava de falar sobre Vale Fuzeiros, sobre o caso da linha de alta tensão … repare, porque é que eu meti nesta coisa de Vale Fuzeiros? Quando li as notícias no jornal fui até lá e tive a sorte de encontrar um casal muito simpático, que é responsável pelo projecto Quatro Maravilhas, e vi os menires e aquilo tudo e disse: alto lá e pára lá o baile. Vamos devagar, eu não sou fundamentalista pela parte que está a ser falada que as linhas podem provocar a leucemia, e já consultei quem sabe disso e me disse que isso não está provado. Não é esse o problema. O problema é que aquele traçado, nalguns pontos, é um atentado ambiental e arqueológico e portanto, depois de ouvir e ver, interessei-me pelo assunto. E há uma coisa de que você tem certamente consciência, e daí eu também ser favorável à Regionalização, é que ainda que isto esteja mal, a verdade é que as coisas resolvem-se em Lisboa. E foi quando falei com o presidente da REN que fiquei a saber que a câmara municipal sabia disto tudo e não tinha feito nada, nem tinha dito nada, nem falado com as populações, nem esclarecido nada há um ano. Há um ano! E depois a senhora doutora Isabel Soares foi dar uma entrevista a um jornal inglês, para falar para os ingleses, a dizer que estava na primeira linha de batalha! Para depois, acossada por esses mesmos ingleses, de quem aliás eu tenho sido o interlocutor deles junto de Lisboa, junto da REN, Isabel Soares vir dizer que afinal não tinham percebido bem, quais os sítios que eram atravessados, por causa da dimensão da carta!... Comigo era impossível acontecer uma coisa destas. Não é por ser eu. É por ser eu e a minha equipa. Porque há uma coisa que não me perguntou e que aproveito para dizer: eu não sou um homem autoritário, arrogante, não sou do quero posso e mando. Nada disso, sou um homem que habituou-se ao longo da sua vida, felizmente, a trabalhar em equipa. E digo mais, já está definido que este grupo de pessoas com quem tenho estado a trabalhar será uma espécie de “governo sombra”. Se nós ganharmos as eleições, iremos reunir com uma periodicidade que será definida, vai ser assinado um termo de responsabilidade entre nós, para eles me questionarem. Eu tenho estado a aprender… Tenho estado a aprender com toda a modéstia, com toda a abertura de espírito, porque as pessoas têm de conhecer, tem de saber. Eu não sei tudo, estou todos os dias a aprender alguma coisa de novo, em relação a Silves, em relação a mim próprio. Há em algumas pessoas a ideia que sou um tipo autoritário, nada disso, eu sou é um tipo que se bate por ideais com muita força.

O que tenho ouvido dizer é que é um pouco vaidoso…

Sou nalgumas coisas, e devo dizer que não tenho nada contra as pessoas que são vaidosas por boas razões.

 

Entrevista e Fotos: Paula Bravo



publicado por António Carneiro Jacinto às 00:31
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22 comentários:
De Don Juan del Rio Arade a 3 de Junho de 2007 às 17:00
Dezembro 2006

Enviaram-me isso para o mail, foi um amigo meu(filiado num partido que não o quer, pelo menos a nível local, ou será regional..bem não sei), mas como eu tenho as minhas reservas em relação a ele, pergunto-lhe, será verdade Sr Carneiro Jacinto?

"António Carneiro Jacinto assumiu publicamente querer candidatar-se à Câmara de Silves, depois da sua prestação, por muitos questionável, como adjunto de dois ministros dos Negócios Estrangeiros. E fez o anúncio declarando que não conta com apoios partidários, sendo estranho que o PS não lhe dê suporte à partida, e que a condição dos elementos para a sua equipa de trabalho é a de que sejam «menores de 45 anos», fasquia de que ele próprio se exclui, porquanto Carneiro Jacinto tem 55 anos (nasceu em Lisboa, a 7 de Setembro de 1951). Portanto, quem em Silves já tiver 45 anos e dois dias, por mais competência e seriedade que se lhe reconheça, que tire os cavalinhos da chuva - tivessem nascido dois dias antes.

Mas, para além do cabal esclarecimento de um antigo episódio fatal de Belém, e da justificação que Carneiro Jacinto possa dar para o facto de ter conseguido receber salários e abonos de Conselheiro na Embaixada em Paris trabalhando em Lisboa como adjunto nas Necessidades, até poderemos considerar que António Carneiro Jacinto (se, o que atrás se referiu, fosse esclarecido ponto a ponto) teria um bom perfil para Silves se conseguisse dissipar duas dúvidas.

Primeira das dúvidas, sobre as suas habilitações - Segundo o que no Anuário Diplomático se declara, António Carneiro Jacinto é «licenciado em Direito, pela Faculdade de Direito de Lisboa» e como licenciado se deixou oficialmente tratar desde Guterres a Freitas do Amaral. É mesmo licenciado?

E segunda dúvida, sobre a sua conversão ao Algarve - Carneiro Jacinto foi convidado, há largos meses, para se integrar como sócio na Casa do Algarve em Lisboa, mas recusou evadindo-se em reservas. Porquê este inesperado amor, agora, por Silves e Algarve de que Silves - desculpem os de Faro e Portimão - é o inegável e que deveria ser o palpitante coração histórico? Apenas agora e porquê?"

in: http://smsjornaldoalgarve.blogspot.com/2006_12_01_archive.html

Com os melhores cumprimentos

Ps: Já agora, a senhora Paula S.......que muito gostaria d etrabalhar arduamente na CMS, não me poderia enviar a lista dos boys, e com os respectivos contratos..peço desculpa, boys e girls, porq a senhora presidente ainda não implementou o sistema de cotas (nem de quotas), em relação á percentagem de homens e mulheres...



De Paula S..................... a 4 de Junho de 2007 às 11:01
Basta ir a comentários meus anteriores (julgo que no post das irregularidades das nomeações que encontra lá uns quantos nomes). Mas o mais fácil, e foi o que eu fiz, é ir aos flyers das últimas autarquicas e ver quantos membros da JSD (diz por baixo da foto) estão com vinculo na CMS!


De Madalena do Rio Arade a 4 de Junho de 2007 às 17:18
Querido D.Juan del Rio Aráde
O senhor é sócio da Casa do Algarve?
E já agora é necessário ser-se sócio da casa do algarve para sermos candidatos às autarquias algarvias, será condição sinequanon?
Outra questão, quantos Doutores assinam como tal e não passam de meros licenciados, que me recorde o único que marcou a diferença foi José Paulo de Sousa, que sempre se denominou de licenciado, agora todos os chefes de divisão e vereadores entre eles a Senhora Presidente é Doutora praki e pracolá.
E pergunto porque o premitem se são apenas licenciados, em algo?
Nunca vi na autarquia tanto dr e dra.
Penso que o candidato deverá ter a 4ª classe, sabe ler e escrever magistralmente, deverá quase de certeza ter tirado o diploma da 4ª classe, e indiscutívelmente esse será melhor que muitos cursos por aí tirados por correspondência.

Boa tarde!



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